Óleo de palma: prático, ético e kasher
O óleo de palma é uma parte importante da cadeia de abastecimento da indústria alimentar, é o óleo vegetal mais produzido no mundo. Segundo algumas estimativas, está presente globalmente em até metade dos produtos alimentícios manufaturados. Isso porque o óleo de palma é uma gordura à base de plantas incrivelmente disponível, versátil e ultra lucrativa, adequada para muitos usos.
Mas os pontos positivos da mercadoria também vêm com algumas desvantagens sérias. As conhecidas preocupações ambientais estão de volta, já que a Ucrânia e a Rússia produzem pelo menos 70% do óleo de girassol do mundo (opção mais viável para o óleo de palma) e o conflito interrompeu sua exportação, fazendo disparar o preço global de todos os óleos de cozinha. Assim os fabricantes de alimentos foram forçados a buscarem substitutos, considerando novamente o óleo de palma.
Fortemente entrelaçada com a discussão econômica em torno do óleo de palma está a discussão ética, que não é nenhuma novidade. Mais recentemente, no entanto, há questões sobre o papel do óleo de palma na economia alimentar e na cadeia de suprimentos.
O óleo de palma é um óleo vegetal comestível que vem do fruto da palmeira Elaeis guineensis, uma espécie de palmeira de onde se produz dois tipos de óleo; o óleo de palma e o óleo de palmiste.
Também chamado de azeite de dendê, os óleos de palma são mais fáceis de estabilizar e manter a qualidade de sabor e consistência em alimentos processados, por isso são frequentemente preferidos pelos fabricantes de alimentos.
Cada palma pode render até 5 toneladas de óleo por ano, um volume 5 a 10 vezes superior comparado a outros óleos vegetais. Além disso, o cultivo exige menos terra para render a mesma quantidade de óleo do que seus principais substitutos.
Os arqueólogos rastrearam o uso do óleo de palma há milhares de anos no antigo Egito. Mais conhecida, no entanto, é a história mais recente da mercadoria, começando no início de 1800.
O comércio de óleo de palma explodiu durante a revolução industrial da Europa. Naquela época, era usado como lubrificante para trens e máquinas das fábricas. Mais tarde, o produto refinado tornou-se popular na indústria para fabricação de sabão e enlatados. Hoje, é usado como commodity alimentar, biocombustível, ração animal e em cosméticos.
O óleo de palma é Kosher?
O status kosher de um produto tem a ver com uma lista de especificações. Essas dizem respeito à origem, fabricação, manuseio e preparação do item. A partir dessa perspectiva, há algumas considerações que precisamos fazer ao certificar o óleo de palma como kosher.
Em primeiro lugar está a origem. Sempre verificamos se o produto em questão é realmente o que afirma ser. Se uma empresa vendesse gordura animal refinada como óleo de palma, por exemplo, isso certamente desqualificaria o produto. Como, então, podemos ter certeza de que estamos lidando com o produto que pensamos ser?
Essa é a essência de todos os programas de certificação kosher. Como cada processo de fabricação é único, a verificação kosher que usamos varia de acordo com cada produto e fabricação. A Certificado Kosher desenvolveu uma variedade de medidas regulatórias para isso que provaram ser eficazes ao longo do tempo.
O processo de fabricação, conforme mencionado acima, possui várias etapas. O trabalho de nossos coordenadores é testemunhar e documentar todas as etapas desse processo. Fatores como equipamentos compartilhados ou recondicionados e temperaturas operacionais influenciam os controles que precisamos implementar.
Obtenha a certificação kosher para seus produtos
O manuseio e o transporte também apresentam alguns problemas potenciais para o kosher na questão do óleo de palma. Por exemplo, quando um navio a granel ou caminhão usado para transportar o óleo é também usado para diferentes produtos, como gorduras animal por exemplo, certamente solicitaremos procedimentos específicos de limpeza e casherização.
Também podemos empregar verificação terceirizada das últimas cargas transportadas em um determinado transporte. Às vezes, esse aspecto da supervisão kosher pode ser ainda mais complexo do que a própria fabricação.
Todas essas considerações formam a base de qualquer boa certificação kosher. Portanto, desde que seu óleo de palma seja certificado por um certificador kosher confiável e bem reconhecido, ele é kosher!
Além disso, o óleo de palma é elegível para a certificação kosher da Páscoa Judaica. Isso porque a palma não é um grão produtor de chometz, nem se enquadra na categoria kosher de kitniyos/t.
No geral, os grãos são amplamente proibidos para uso na tradição de Pessach, a Páscoa Judaica, exceto para uso na fabricação de matsá, o pão ázimo. Kitniyos refere-se a certos alimentos como sementes e legumes que algumas comunidades costumam abster-se em Pessach.
Se estamos falando sobre o que tecnicamente torna um produto kosher para consumo, então podemos parar por aqui. Nesse caso, isso deixa muitas perguntas sem resposta sobre essa mercadoria controversa.
Para enfrentar os desafios ambientais, sociais e econômicos presentes na indústria de óleo de palma e permanecer competitiva em um mercado em constante evolução, a indústria deve priorizar a inovação.
A implantação de tecnologias, processos e modelos de negócios inovadores tem o potencial de tornar a indústria mais ambientalmente sustentável e eficiente.
Quanto mais desenvolvemos tecnologia, inovação de produto e sua aplicação, podemos agregar até seis vezes o valor agregado. Há muito potencial inexplorado do óleo de palma.
Acredita-se que os dendezeiros foram introduzidos no Brasil no século 16 e se adaptaram muito bem, principalmente ao clima tropical das Regiões Norte e Nordeste.
O Brasil é o quarto maior produtor do mundo do óleo de palma e é responsável por cerca de 2% do montante global do produto, considerado uma commodity.
A palma possui características agronômicas interessantes e pode ser uma fonte promissora de óleo para a produção de biodiesel.
A Embrapa Agroenergia e alguns parceiros estão desenvolvendo um projeto de pesquisa que visa propor soluções tecnológicas para os resíduos e coprodutos gerados na cadeia produtiva do biodiesel produzido a partir deste óleo.
O óleo de palma é uma adição relativamente nova à lista de opções viáveis de biodiesel. Além disso, a produção de biodiesel a partir da palma produz a glicerina, um subproduto comestível.
A glicerina à base de plantas é uma mercadoria valiosa por si só por sua versatilidade de uso e adequação para aplicações veganas e kosher. Isso se opõe à glicerina de origem animal, que apresenta problemas para ambos.
Embora globalmente falando, no futuro temos esperança de um óleo de palma verdadeiramente livre de preocupações de origem trabalhistas ou ambientais, isso está longe de uma garantia.
O Brasil é um grande case de sucesso na extração e comercialização do óleo de palma. É comum empresas do setor com práticas agrícolas sustentáveis e negócios socialmente responsáveis.
O grande diferencial da produção brasileira da palma de óleo está no rigor da legislação nacional. Os trabalhadores estão protegidos por um arcabouço legal que busca garantir condições adequadas de trabalho.
O cultivo da palma de óleo gera outros benefícios ao meio ambiente, como a captura do gás carbônico da atmosfera e recuperação de áreas degradadas.
Ainda que preocupações ambientais e humanitárias, não sejam nossos pontos de foco habituais, também não queremos ignorar completamente a discussão, que muitas vezes está em torno do óleo de palma em alguns lugares do mundo.
Seja como consumidor ou participante da cadeia de suprimentos global, nós da Certificado Kosher estamos cientes do valor cada vez maior de produtos com bases éticas para os consumidores.